Reação alérgica ao carnaval

Olá pessoal!

Me lasquei no carnaval. Na sexta-feira começou a epidemia de globesteira, sambas-enredo, axé-music (seja lá o que for isso), calypso, colapso, sei lá...forró no buteco reverberando na janela do meu quarto... toda essa massaroca sonora foi inflamando meus pobres ouvidos de nenê e acabei pegando otite, que é a inflamação do ouvido interno.

Aí eu fiquei aperreado, como dizem lá na parte de cima do mapa... Comecei a ter febre, dor de ouvido(s), falta de apetite e dei uma canseira no papai e na mamãe.

Foram 4 dias dos infernos... justamente os 4 dias do carnaval. Só pode ser reação alérgica! Coisa incrível a genética, né? Nasci em casa de rockeiros e pra mim pouco importa se o beija-flor da imperatriz pousou na mangueira do padre Miguel...

No sábado eu tive um febrão acima de 38ºC que não passava. Fui parar no pronto-socorro. Me atendeu uma pediatra que falava com sotaque carioca, achei isso muito pouco conveniente no caso de eu ser mesmo alérgico a samba. No final eu estava certo, pois ela acabou me receitando um remédio que não fazia efeito... A dor não passou. No domingo, febrão de novo, pronto-socorro de novo. No domingo a trama se complicou de vez. Voltei pro pronto-socorro, dessa vez com febre acima de 39ºC, falta de ânimo, de apetite, dor, cansaço... Me atendeu uma pediatra que fala com voz de criançinha. Fato meio perturbador, considerando que ela era já uma pessoa crescida. Foi aí que a coisa enroscou de uma vez. Desconfiada de algo mais grave ocasionando o febrão, ela me encaminhou pro exame de sangue. Fui mais espetado do que faquir em cama de pregos. Imaginem 3 enfermeiras e mais o papai e a mamãe me segurando enquanto espetavam meus braçinhos pra tirar sangue. E não achavam meus vasos sangüíneos... a agulha ia de lá pra cá, de cá pra lá, e nada de sair sangue... putz... foi me dando uma irritação tamanha que não posso mais nem ver agulha - tolerância zero!

Aí fui pra uns berçinhos de aço esperar o resultado do exame, quando, de repente, não mais que de repente, apareceu voando no céu o Super Tio Fabo, com sua capa-jaleco branca como a neve e seu estetoscoscoscotocópio a tiracolo, prestes a reprimir os filos mais vorazes de streptococos e desmantelar as organizações clandestinas de microorganismos do meu sistema, restabelecendo a paz e a temperatura no microcosmo do meu pequeno ser!

No final dessa tenebrosa aventura carnavalesca, recebemos os exames pedidos, todos com resultado normal. Graças ao novo antibiótico que a Dra. Criançinha receitou e à ajuda do Super Tio Fabo, das enfermeiras (que apesar de não conseguirem achar vasos nem mesmo numa floricultura, mas que me deram muito mimo) e aos cuidados do papai e da mamãe, minha febre baixou para níveis aceitáveis e pude voltar para o aconchego do lar, ainda nas últimas horas do feriado.

Já na quarta-feira de cinzas eu me sentia melhor, mas fiquei em casa, e agora, na quinta, passado o feriado, estou de volta à minha adorada Escolinha Girassol. Ou seja, se pra alguns o carnaval é alegria, pra mim é "alergia". Meus ouvidos ainda se ressentem e vou continuar tomando remédios por mais uma semana. Entretanto, passado o pico de histeria coletiva da nação brasileira, já estou praticamente de volta ao ritmo normal, com mais apetite e ânimo. E como tudo tem um lado positivo, devo confessar que adorei os banhos... É que tomar banho é um dos métodos de se baixar a febre e, como vocês já sabem, eu adoro banhos!

E antes que eu termine, deixo uma homenagem de criança para os papais do pequeno João Hélio, aquele anjinho que foi machucado e devolvido pro céu, lá no Rio de Janeiro. Escutei falar que nas ruas onde ele sofreu o impensável há apenas duas semanas, teve até blocos de carnaval festejando neste último feriado. Como brasileirinho e como bebê, só posso ficar indignado com tamanha falta de consideração. Quando eu crescer vou fazer o possível, junto com outros bebês da minha geração, para tornar este país um lugar mais decente para se viver.


Beijinhos pra todo mundo! Valeu, Tio Fabo!

Victor